Crônicas do 011: "Ultraviolence existencial".


Por que não posso sofrer? Que prepotência é essa? A humanidade toda pode sofrer e eu não? Vem cá e me dê a minha dose que eu vou tomar agora. Por que a cura tem que ser rápida? Por que não pode demorar? Por que tenho que saber exatamente o que fazer e como fazer? Calma, vê se relaxa e aproveita a confusão. Sempre é pior quando a gente sabe o que tem que ser feito. Bancar isso quem quer? Pois é. Certezas são o que são, dúvidas ainda me dão um caminho a percorrer. Está doendo muito e sei que ainda vou espernear, me trancar e não querer ver o mundo, não faço ideia de como irei lidar com isso, mas esse lidar deve ser uma daquelas tantas coisas que a gente só descobre andando, no caminho. Tô andando e por hora não tô feliz, tô bem complicado, um melancólico em estado crítico. Ao menos consegui escrever uma crônica, que bom! Será que um dia me lançam num jornal? Semanalmente trago pitadas de sofrência e inferno astral, rejeito minha geração e faço parte dela, dirão os meus críticos, desprezo a classe política e sonho com revolução, dirão os progressistas. Tenho medo do amor mas não sei escrever sobre outra coisa, não sei querer outra coisa, dirão os psicanalistas. Se eu ficar famoso, você vai ler os meus escritos? Vai se reconhecer nas minhas páginas? Se você não volta é de pirraça que preciso escrever sobre você, falar de você, chorar as pitangas por você! Descobri com os meus escritores favoritos que para escrever bem tenho que ter uma boa dose de sofrimento, a minha parte eu tô fazendo. Semana que vem o melhor é ir numa mesa branca, vou perguntar para o Caio Fernando Abreu como eu sobrevivo as devastações dos meus amores, até cogitei Clarice, mas toda sofrência tem seu limite! Caro leitor ou leitora, vocês não têm mais o que fazer do que de perder seu tempo comigo? Não pude fazer nada com minha dor há não ser escrever, eu não existo, eu resisto... fazer o que. Se eu soubesse o que fazer... Até logo, bye bye.


V.H.V

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