Crônicas do 011: "Exercendo meu direito a revolta".

 



Há algo que fala além das suas palavras mas você finge não perceber, talvez seja o jeito que encontrou de se sentir segura nesse mar agitado que aprendemos a chamar de vida. Eu não acredito nas coisas que você me diz, garota. Durante muito tempo procurei um porquê, um motivo ou uma razão de ser entre nós dois, mas tudo que encontrei foi o silêncio. Parei no tempo e lá fora o sol não parou de anunciar uma nova manhã, tudo continuou funcionando como sempre funcionou, as mesmas hipocrisias, as mesmas falsidades e os mesmos carrascos. Tudo isso é o mundo que me convoca ao exercício de minha revolta, independente das minhas baixas ou de minha solidão particular. Falar de amor sem perder a crítica, é preciso muito tato. Se bastasse a vida como aí está, qual seria o sentido de se manter vivo? É pela revolta que nos mantemos vivos e seguimos. É a revolta que me faz coabitar a diferença. Reivindicar o afeto quando ninguém fala de amor, praga de poeta. Preço que pago a prestações e com juros! meu coração está no serasa. Será que se eu te ligar você paga a conta e livra a minha barra? Quem sabe. É preciso enxergar além dos carrascos, hipócritas e falsos. É no sorriso de uma criança que cruza com o meu numa rua qualquer que encontro pistas de um sentido possível para a vida. Uma canção nova que até ontem eu não conhecia, um livro que chega, um amigo que me telefona. Pensando bem, até as coisas que você me fala e eu não acredito me apontam uma direção, no fundo qualquer pessoa nos leva para dentro de nós mesmos. Eu acredito sim nas coisas que você me diz, garota.


V.H.V


Comentários

Postagens mais visitadas